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Writer's pictureC. A. Ayres

Felicidade: Da Filosofia ao Cristianismo

Updated: Mar 26, 2019



Diogenes, by Bastein-Lepage (1873)

A Filosofia literalmente significa o amor ao conhecimento e sabedoria (philos + sophia em grego) é o estudo do pensamento e do conhecimento em si. A filosofia familiariza-o com finas distinções no contexto e significado das palavras necessárias para dar opiniões informadas sobre até mesmo a mais sutil e intrincada das ciências.

Ela ajuda você a desenvolver e nutrir a agudeza e abertura de Espírito necessárias para uma apreciação profunda e saudável da vida e do mundo. De fato, não há disciplina intelectual mais apta a ser tratada como a mãe de todas as ciências.

Infelizmente, o valor da Filosofia está sendo esquecido no mundo de hoje, embora o fervor em fazer declarações filosóficas não tenha diminuído um pouco entre cientistas, políticos e até artistas. Cada parte do currículo clássico, exceto matemática e gramática, foi afastada do paradigma educacional moderno.

Como resultado, continuamos produzindo especialistas que possuem imensa profundidade de conhecimento em seus respectivos campos, mas quando procuram aplicar seu conhecimento para facilitar a visão da "grande figura", eles falham desastrosamente.

A filosofia era a investigação original sobre a natureza do mundo. Os filósofos foram os primeiros a se perguntarem sobre a origem do universo, sobre o que foi feito, sobre o que era tudo, o que era ético e outros assuntos.

Antes que a ciência se torne ciência, é filosofia. A fim de responder a uma pergunta cientificamente, você tem que primeiro chegar a uma pergunta que você quer responder. Essas questões vêm da filosofia e depois se tornam ciência quando são apoiadas por experimentos científicos (o método científico). A ciência costumava ser chamada de filosofia natural.

Filosofia é o estudo da natureza fundamental do conhecimento, realidade e existência; A ciência é uma empresa sistemática que constrói e organiza conhecimento (Wiki novamente). Ou seja, a Ciência lida com a aquisição de conhecimento. A Filosofia estuda o conhecimento em si.

A ideia de felicidade tem grande importância para a origem da filosofia. Ela faz parte das primeiras reflexões filosóficas sobre ética, que foram elaboradas na Grécia antiga.

A referência filosófica mais antiga de que se dispõe sobre o tema é um fragmento de um texto de Tales de Mileto, que viveu entre as últimas décadas do século 7 a.C. e a primeira metade do século 6 a.C. Segundo ele, é feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada.”

Filosoficamente, a felicidade pode ser entendida como o objetivo moral da vida ou como um aspecto do acaso. Na verdade, na maioria das línguas europeias, o termo felicidade é sinônimo de sorte. Assim, os filósofos geralmente explicam a felicidade como um estado de espírito, ou uma vida que vai bem para a pessoa que a conduz.

O que disseram os maiores filosofos de todos os tempos sobre a felicidade:

Sócrates

Para ele, a felicidade não vem de recompensas ou elogios externos. Vem do sucesso pessoal, interno, que as pessoas concedem a si mesmas. Ao nos desfazermos de nossas necessidades, podemos aprender a apreciar os prazeres mais simples. Ele dizia que sofrer uma injustiça era melhor que praticá-la e o homem feliz era essencialmente um justo. Por isso mesmo, ele recebeu com tranquilidade a sentença do tribunal que o condenou à morte.

Platão

Como estudante de Sócrates, a felicidade plena consiste na contemplação da ideia de Bem. Sua versão da felicidade é descrita como uma forma de crescimento pessoal. Se obtemos satisfação com nossas realizações - atingindo uma meta, tendo mais sucesso em atividades do dia a dia, progredindo na vida - não pelo que essas realizações podem ganhar.

Aristóteles

Espalhou a ideia de que a felicidade não depende apenas da sorte, do destino, ou dos deuses, mas é alicerçada na natureza do homem e na ação humana. Todo trabalho e todo o conhecimento adquirido, na visão aristotélica, visa à construção de um bem, um bem maior. Esse bem maior é a felicidade. Para ele, a felicidade é relatada como sendo um bem supremo tanto para os vulgos quanto para os homens de cultura superior, considerando-a como o bem viver e o bem agir. Os homens identificam a felicidade com o bem e com o prazer e, por isso, amam a vida agradável.

Tanto Platão quanto Aristóteles associavam a felicidade à virtude. Para o primeiro, todas as coisas têm sua função: a do olho é ver; a do ouvido, ouvir; a da alma, ser virtuosa. Já o segundo foi o filósofo que estabeleceu a Ética como uma reflexão sobre a felicidade, num livro escrito para seu filho Nicômaco.

Diógenes

Foi um filósofo que desprezou a opinião pública. Ele se importava mais com aquilo que existia dentro de si, a sua consciência falava mais alto; desprezava quaisquer bens materiais, lembra-me muito da história de Falcão, um dos personagens principais do livro - O Futuro da Humanidade, do brilhante Augusto Cury. Parece-me que Diógenes viveu em um pequeno barril. Seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela, símbolo do seu desapego com as coisas mundanas. Era conhecido como o filósofo-cão, apelido denominado por viver em extrema miséria.

Na grande e simples visão de Diógenes, a felicidade era entendida como autodomínio e liberdade espiritual. Nesse aspecto, se parece muito com o Mahatma Gandi e com a figura de Sócrates. Diógenes era a verdadeira realização de um sonho de uma vida livre, muitos diziam até que ele vivia o seu próprio sonho. Ele combatia, pela sua filosofia de vida, os prazeres, os desejos e as luxúrias, elementos que impediam sua auto-suficiência. Diferentemente de Aristóteles, em que as virtudes em quaisquer momentos teriam de ser praticadas, indiferentemente de existir teorias ou não.

A história conta que Alexandre, "O grande", andando pela cidade, avistou Diógenes dormindo dentro do barril e, querendo ajudá-lo, perguntou se seria possível fazer algo por ele. Colocando-se de frente ao barril e, barrando os raios solares, olhou Diógenes em direção ao sol e disse: "Não me tires o que não me podes dar!".

Confúcio

O sentimento de Confúcio sobre a felicidade ecoou através da história em livros como "O Poder do Pensamento Positivo" e tem sido utilizado como pesquisa recente na terapia cognitivo-comportamental, que procura ajudar as pessoas a ver as conexões entre seus pensamentos, sentimentos e comportamentos. De acordo com uma mentalidade confucionista, a felicidade é uma profecia autorrealizável que se reproduz quando mais encontramos razões para sua existência.

Seneca

Amado pelos nerds da filosofia contemporânea, como o investidor Nassim Taleb e o guru de marketing Ryan Holiday, o filósofo estóico acreditava firmemente no que os psicólogos chamariam agora de "locus de controle". Para algumas pessoas, o locus vive externamente. Eles sentem que forças externas guiam suas ações. Para outros (na mente de Seneca, os felizes), o locus vive dentro de cada um.

Immanuel Kant

Para Kant, buscar a felicidade é uma atividade racional. As ações devem ser racionalmente pensadas e escolhidas moralmente, e parece que essa é a felicidade intelectual de Kant e, mais importante, é o que ele vê como felicidade merecida, pois é longe de ser difícil perseguir a felicidade, independentemente da moral, ao passo que buscar a felicidade eEm consonância com a moral é merecidamente mais virtuosa, e algo que se pode apreciar como uma parte significativa da "Boa Vida".

Albert Einstein

Este, por exemplo, disse certa vez: "se quer viver uma vida feliz, amarre-se a uma meta, não as pessoas nem as coisas", pois sabia que as paixões destroem a liberdade do ser e o apego as coisas, desvirtualiza o homem natural.

Falava-se muito em tentar compreender o que seria felicidade: uns pensavam que ela fosse riqueza, outros pobreza, embora ambos os pensamentos fossem falhos, afinal, até hoje a sociedade nunca a compreendeu por certo.

Estas definições remontam aos anteriores, que diz que a felicidade se busca quando existe ética, moral, verdade, liberdade e quando se tem conhecimento de si mesmo e desapego com as coisas materiais.

Cristianismo

Na realidade, desde Demócrito, Platão, Aristóteles, os estóicos, até Plotino, muitas reflexões foram realizadas sobre o tema da felicidade humana e corroboram com o ensino das escrituras.

Nosso Pai Celestial ensinou que seu Plano é para todos os seus filhos, porque cada um de nós, independente de onde ou quais circunstâncias vivemos, temos o potencial de poder mudar e evoluir constantemente, temporal e espiritualmente. Nascemos para sermos felizes, cada um de nós, como filhos e filhas de um Pai Eterno.

Agostinho falou sobre a felicidade a partir da leitura do Hortensius de Cícero, obra que o converteu ao interesse pela filosofia. Estabeleceu então, uma relação sistemática entre os escritos filosóficos antigos, que trataram deste tema, e sua visão de convertido ao cristianismo, para elaborar o estudo da felicidade. Com Agostinho, embora seguindo de perto as idéias estóicas e mais ainda as neoplatônicas, a felicidade deixa de ser algo buscado e conseguido apenas pelo próprio esforço, seja virtuoso ou contemplativo, do homem. Ele precisa da graça divina e só por isso consegue atingir o seu telos.

C. S. Lewis disse que "Não há outro caminho para a felicidade pela qual somos feitos. Coisas boas e ruins, você sabe, são capturadas por uma espécie de infecção .... Se você quer estar quente, você deve estar perto do fogo: se você quer estar molhado, você deve entrar na água. Se você quer alegria, poder, paz, vida eterna, você deve se aproximar ou até mesmo do que os tem ... Eles são uma ótima fonte de energia que brota do centro da realidade. Uma vez que um homem está unido a Deus, como ele não poderia viver para sempre? Uma vez separado de Deus, o que ele pode fazer, mas murchar e morrer? Deus não pode nos dar uma felicidade e paz separadas de Si mesmo, porque onde Ele não está, não existe tal coisa."

Num encontro para o recebimento de um Prêmio de Reconhecimento (sendo que ele é um advogado graduado em Stanford) com um grupo de advogados, Elder Quentin L. Cook fala sobre a "Busca da Felicidade":

http://deseretnews.com/article/1,5143,705290777,00.html

Entre outros assuntos, ele diz que comparar-nos a outras pessoas impossibilita nossa busca da felicidade. Ele enfatizou que a importância de colocar de lado esse paradigma que temos em nos compararmos com outras pessoas, conduz ao desânimo debilitante.

Elder Cook disse que parece sempre haver alguém melhor em suas habilidades, e o fato de sermos muito duros conosco mesmos nos distancia do que buscamos.

Em Jó 22, 21: Reconcilia-te, pois, com (Deus) e faz as pazes com ele, é assim que te será de novo dada a felicidade.

Esta é apenas uma das varias escrituras que temos que nos auxiliam a conhecer a verdadeira felicidade se nos voltarmos a Deus.

Em João 13:17, "Se sabeis essas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes."

A real felicidade depende de sabermos usar nossos dons e talentos e buscarmos meios honestos de conseguir ter uma vida moralmente limpa, servir significantemente, desfrutar do convívio de outros sem sermos julgados ou sem julgar nosso próximo. Somente assim poderemos nos sentir realizados com nossa própria vida, contemplando a real felicidade de nosso Plano pessoal, preparado por um Pai perfeito e dedicado.

Provérbios 19:8 "Quem adquire bom senso ama sua alma; o que observa a prudência encontra a felicidade."

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